Imagem contem 2 pessoas, a pessoa em foco esta a tomar um copo de cha que foi oferecido pelo CCPUD. ambos estao a olhar a diante para alguem que esta a falar.

Direitos Humanos em Moçambique após eleições: violência e comunidades vulneráveis

As eleições de Outubro em Moçambique deixaram um rasto de incerteza e expuseram fracturas profundas no tecido político e social do país. As eleições de Outubro trouxeram violência pós-eleitoral em Moçambique, marcada por abusos policiais e medo nas comunidades vulneráveis. Para muitos moçambicanos, sobretudo os marginalizados, o quotidiano passou a ser marcado pelo medo e pela luta pela sobrevivência.

As comunidades locais revelaram uma consciência clara do impacto das mudanças políticas. Conversas rápidas bastaram para mostrar que pessoas muitas vezes desvalorizadas pela sociedade conseguem explicar, de forma lúcida, as consequências dos resultados eleitorais.

Um País em Suspenso
Alex, um jovem apanhado nos protestos, contou a sua história. “Nada mudou”, disse, exibindo as marcas deixadas pelos confrontos. Partiu o pulso ao cair quando fugia da polícia. Uma bala atingiu-lhe o pé.

A violência atingiu o auge quando a polícia abriu fogo sobre os manifestantes. Alex viu um jovem morrer diante dos seus olhos. A multidão gritou: “Porquê matar um dos vossos?” A resposta foi mais tiros. Morreram mais três pessoas.

A Corrupção por Trás da Violência
O maior choque para Alex não foi apenas a brutalidade, mas também o comportamento da polícia. Em vez de travar o caos, os agentes alimentaram-no. Indicaram quais as lojas a saquear e encheram os seus próprios carros com bens roubados. “Parecia que queriam o caos”, afirmou.

Antes das eleições a vida era difícil, mas havia paz. Agora, Alex sente-se privado de controlo. “Na minha própria casa, alguém dita as regras”, disse. “Hoje temos dois presidentes, um à direita e outro à esquerda.”

O Custo Humano
A irmã de Alex encontra-se hoje numa cama de hospital, paralisada depois de cair da varanda do quarto andar. A polícia lançou gás lacrimogéneo para dentro da casa. Em pânico, tentou fugir e caiu, acabando por aterrar num esgoto a céu aberto. O futuro dela é incerto.

Para Alex, estas eleições não foram sobre política, mas sobre sobrevivência. A defesa dos direitos humanos em Moçambique tornou-se urgente. Grupos marginalizados, como as pessoas que usam drogas, são os primeiros a sofrer violência e abandono.

Terminou o relato com palavras que ainda ecoam:
“Foi como se fosse morrer como um cão vadio, como se nem sequer tivesse nascido humano.”

Estas palavras exigem atenção. As violações de direitos humanos em Moçambique não podem ser ignoradas. A comunidade internacional, os países doadores e os activistas locais têm de agir para que os mais vulneráveis não sejam esquecidos no rescaldo da crise política.

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