No passado dia 21 de novembro de 2024, a UNIDOS, em parceria com a LAMBDA e a UNGAGODOLI, organizam um workshop significativo no distrito de Marracuene, Macaneta, sobre Autonomia e Integridade do Corpo (BAI). Este encontro contou com a participação de 22 representantes de diversos setores, incluindo o governo, organizações da sociedade civil, a comunidade LGBTQI e outros grupos-chave, com o objetivo de reforçar a compreensão sobre os direitos humanos e a saúde no contexto moçambicano. A iniciativa sublinhou a necessidade de ultrapassar barreiras sociais e culturais para implementar mudanças sustentáveis nas comunidades.

O evento serviu como uma plataforma de aprendizagem e troca de experiências, através de apresentações teóricas, estudos de caso e debates interativos. Uma das questões centrais discutidas foi o significado de autonomia e integridade corporal, descrita como o direito de cada pessoa tomar decisões sobre o seu próprio corpo sem interferências externas. Os participantes refletiram sobre práticas culturais prejudiciais, como o kutchinga e a mutilação genital feminina, e analisaram estratégias para harmonizar leis e políticas públicas com os direitos humanos. O uso de uma abordagem participativa garantiu um espaço aberto e produtivo para abordar temas delicados, como sexualidade e identidade de gênero.

Uma das principais conclusões do workshop foi a necessidade de fortalecer a colaboração entre o governo e a sociedade civil, de forma a garantir alterações políticas eficazes. Os participantes foram capacitados com ferramentas e conhecimentos sobre a abordagem BAI, o que lhes permitiu maior envolvimento nas suas comunidades. O evento destacou ainda a importância de influenciar as tomadas de decisões políticas para implementar reformas que respeitem a diversidade e assegurem a integridade do corpo, especialmente para as populações mais vulneráveis.
Ao longo do dia, foram identificados vários desafios enfrentados pelos atores governamentais e da sociedade civil na adoção da abordagem BAI. Entre as dificuldades destacadas, foi mencionado o conhecimento limitado sobre documentos normativos nacionais e internacionais que sustentam os direitos humanos em Moçambique. Nesse sentido, foi consensual entre os participantes que o fortalecimento de capacidades e a disseminação de informações sobre o BAI são cruciais para impulsionar transformações políticas e sociais que promovam o bem-estar das comunidades.


O evento encerrou-se com o compromisso de consolidar o trabalho da coligação em Moçambique, identificando influenciadores estratégicos e mobilizando a sociedade para expandir a sensibilização sobre a autonomia e a integridade corporal. Entre os próximos passos estão a realização de ações contínuas de advocacia e o desenvolvimento de um plano de ação abrangente, adaptado às necessidades locais. A UNIDOS reforça que o sucesso desta iniciativa depende da colaboração entre todos os envolvidos e da determinação em promover os direitos humanos como um pilar essencial para o desenvolvimento sustentável e inclusivo.